Um aterro sanitário, no município de Olho D´água das flores, região da Bacia leiteira de Alagoas, que deveria estar funcionando desde 2014, encontra-se fechado e sem uso. Apesar da obra de construção já ter recebido mais de R$ 3 milhões em recursos do governo federal, o projeto está atrasado há um ano. Enquanto isso, moradores da região sofre com a presença de lixões à céu aberto.
A obra, que começou em 2011, surgiu de um consórcio entre os municípios da região leiteira. Dezesseis cidades da região se uniram para montar o aterro de 20 hectares para cumprir o prazo dado pela Lei de Resíduos Sólidos.
Segundo o diretor de operações do consórcio, Klester Wanderley, o aterro está quase pronto e não começou a funcionar ainda por uma questão burocrática. “A balança para pesar os caminhões está pronta, assim como célula principal para receber o lixo. A lagoa de decantação para tratar o chorume também. Falta apenas instalar a manta de uma das lagoas por que ela foi roubada”, diz Wanderley.
O diretor também alega que ainda em novembro o lixão vai estar funcionando. “Falta apenas a licença de operações que é fornecida pelo Instituto do Meio Ambiente (IMA)”, reforça.
Contraponto
Segundo o IMA, o consórcio só apresentou a documentação na semana passada e só agora os técnicos poderão analisar o local e emitir a licença, mas ainda não há data para o funcionamento.
No aguardo de uma solução, a população de Batalha, Monteirópolis, Olho D´água das Flores e região, sofre com a presença de lixões irregulares, que concentram os resíduos produzidos nos municípios. É o caso da família de José Cicero dos Santos Neno, que é catador de lixo e agricultor.
Neno e seus familiares vivem no povoado Pau Ferro, próximo a Batalha, onde um descampado acumula todo o lixo produzido no município de Batalha. No meio do vale de lixo, homens e animais disputam espaço em busca de sobrevivência. Enquanto os animais se alimentam do que encontram, homens, mulheres e crianças reviram o lixo para catar latas, plásticos e o que mais puderem vender.
Enquanto isso, Neno e muitos outros prosseguem sem nenhuma proteção, se expondo a acidentes e a contaminação, uma vez que é possível encontrar até uma bolsa de soro ainda com a agulha presa, seringas e outros resíduos hospitalares. No local, ainda há muita fuligem no ar, uma vez que boa parte do lixo é incendiada.
“É um risco muito grande mesmo, tanto para a gente quanto para as crianças” diz Neno, que arrisca a vida dos familiares por conta dos valores que recebe pelo material reciclado. Sobre o lixo hospitalar encontrado no aterro, a prefeitura de Batalha não emitiu posição.