Repensar, recusar, reduzir, reutilizar, reciclar. Na educação ambiental, as palavras formam os cinco R’s da sustentabilidade e, agora, dão vida também a alguns dos heróis de Espetaculix, uma peça que pretende ensinar um pouco mais sobre a importância de separar o lixo, da coleta seletiva e de dar a destinação adequada aos resíduos sólidos que cada um produz.
O espetáculo é parte de um projeto maior, o Relix, que traz ações para Alagoas e prepara um momento de grande celebração na orla de Maceió no próximo domingo, 8. No dia, além da apresentação, serão realizados também passeios ciclísticos e entregas, a catadores do Estado, de 30 Ciclolix, as ecobicicletas para recolhimento de lixo. As atividades começam logo pela manhã.
De acordo com a organizadora do projeto, Gabriela Carlos, o passeio das Ciclolix pela praia terá início às 9h30. Elas estarão equipadas com a exposição fotográfica Expolix, com 20 fotografias de Hélder Ferrer, resultado de um ensaio sobre o universo da reciclagem. As imagens, que farão um passeio até a Multieventos, na Pajuçara, trazem a realidade profissional da coleta sob a ótica de valorização da autoestima da profissão.
“É uma exposição viva, itinerante, que ficará rodando pela orla a partir das 9h30 para que as pessoas possam ver as fotografias. Às 15h as bicicletas vão para a Praça Multieventos, onde acontecem os espetáculos”, diz a organizadora, acrescentando que a mostra vai continuar à disposição do público, circulando pela cidade, até o final do projeto por aqui.
Já as duas sessões de Espetaculix acontecem às 16h e às 19h e nelas sobem ao palco Raí Repensalix, Renato Recusalix, Rafael Reduzalix, Raul Reutilizalix, Rita Reciclalix, Ricardo Limpalix e Roberto Catalix. Além deles, também são personagens os marionetes Ronaldo Recolix, Rodolfo Bagunçalix, Rubens Sujalix, Rosinha Egoistalix e o Dragão do Lixo, o Gigantelix.
“O espetáculo é baseado nos cinco R’s da sustentabilidade e tem esses super-heróis que lutam contra o Dragão de Lixo, que é o lixo sem destinação adequada. É uma peça bem legal, que usa o teatro de atores, o de objetos e o de bonecos. É também todo musicado, com músicas compostas especialmente para este momento”, acrescenta Gabriela Carlos.
Ela explica que a peça foi criada a partir da legislação que prevê a extinção dos lixões no Brasil: a Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos, criada em 2010. O prazo-limite para que isso acontecesse acabava em 2014 e a ideia era comunicar a mudança à população, falando ainda sobre a importância dos aterros sanitários, mas, sobretudo da conscientização ambiental.
“Tínhamos em 2014 um prazo-limite para a extinção de todos os lixões e esse projeto foi criado para comunicar isso e também para conscientizar que os aterros não são uma solução definitiva. Na verdade, quanto menos lixo for para o aterro, melhor, porque tem uma hora que o aterro também enche”, conta. “A primeira edição aconteceu em 2014, em Pernambuco, mas se encerrou, e essa segunda acontece agora em Alagoas”.
O Espetaculix já vem rodando o Estado e, até agora, nove mil pessoas já acompanharam a história em 40 apresentações – ao todo, devem ser 130 delas, totalizando 35 mil espectadores em diversas cidades. Por enquanto, só Maceió e Marechal Deodoro foram contempladas, mas o objetivo é levar também para municípios que possuem cooperativas e associações de catadores.
O público principal tem sido estudantes e trabalhadores da indústria. “As escolas foram selecionadas por meio da Secretaria de Educação e do Sesi. Eles passam uma listagem das unidades e fazemos uma pré-produção, porque o palco precisa ser montado em um local coberto, que tenha uma estrutura. Já a lista de indústrias é passada pelo Sesi”, aponta a organizadora do projeto.
Além de assistirem à peça, os alunos e trabalhadores ainda recebem uma cartilha ilustrada pelo artista plástico paraibano Shiko, com orientações sobre como reduzir, reutilizar e reciclar o lixo e fortalecer o aprendizado oferecido pela performance. O documento traz os personagens do espetáculo com informações de sustentabilidade, tanto de reflexão de comportamento pessoal como nas indústrias.
PROJETO RELIX – APOTEOSE NA PRAÇA MULTIEVENTOS
Quando: 8 de janeiro, com passeios ciclísticos com as Ciclolix, espetáculo na orla, exposição fotográfica e cerimônia de doação das 30 bicicletas coletoras
BICICLETAS
No domingo acontece também a entrega das Ciclolix, que devem substituir as carroças dos catadores de materiais recicláveis e já foram expostas nas escolas e indústrias onde a peça foi apresentada. Em Maceió, 30 unidades serão entregues às associações de catadores de diferentes partes do Estado. A escolha foi feita com apoio da Secretaria de Meio Ambiente de Alagoas.
Além disso, os catadores receberão um kit que inclui bolsa, chapéu com proteção para a nuca e camisa UV, luvas, cadeado e corrente e bomba de calibragem. “A Ciclolix oferece mais dignidade a uma classe trabalhadora de fundamental importância para a sociedade e retira os animais das ruas. Além de oferecer menor esforço físico e maior segurança para quem a conduz e para o trânsito, ela aumenta a autoestima do catador e contribui para a valorização da profissão”, define a criadora da ideia, Lina Rosa.
Ela acrescenta que pensar de modo sustentável precisa ser algo natural para “manter a saúde do planeta”. “Para manter a saúde do planeta, todos temos que estar juntos nessa corrente de diminuição de consumo, da logística reversa e da coleta seletiva. O ato de reutilizar, por exemplo, é muito generoso. A gente acaba por descobrir novas possibilidades para as coisas”, conta a idealizadora do Relix.
O nome do projeto faz uma referência à palavra lixo em latim – lix, significado de cinzas. Até agosto de 2014, dos 102 municípios alagoanos, apenas a capital havia conseguido acabar com o lixão e criar um aterro, como previsto em lei. O prazo para que os aterros sejam construídos foi estendido e a iniciativa pretende lembra isso à população alagoana.
“Trazemos tudo isso, teatro, fotografia, música, para falar sobre sustentabilidade. A ideia surgiu a partir da necessidade de divulgar e conscientizar a população sobre o fim dos lixões. Na época em que o projeto foi criado, tínhamos até agosto de 2014 para acabar com todos, mas isso não foi possível por causa de falta de verbas das pequenas cidades. A maioria delas não conseguiu fechar seus lixões e o prazo foi estendido até 2018. A iniciativa foi criada para falar sobre isso com a população”, expõe Gabriela Carlos.