A educação ambiental vem sendo disseminada em Alagoas como um dos preceitos mais importantes para evitar uma série de ações degradativas e até mesmo evitar incidentes que podem causar graves danos, principalmente quando a população insiste na ideia de despejar seus resíduos em qualquer área.
Com uma atuação voltada para orientação, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh) recebeu em 2015 uma informação da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) acerca dos perigos causados pelo descarte inadequado de resíduos sólidos no entorno do Aeroporto Internacional Zumbi dos Palmares, localizado em Maceió.
Em busca de uma solução conjunta para o problema, um projeto piloto foi constituído para dar início a um cronograma de atividades educativas para evitar o acúmulo de lixo em locais inapropriados.
No cerne do projeto está a população. Em 2016, a Semarh iniciou uma série de atividades junto a diretores de escolas municipais de Rio Largo – cidade situada próxima do aeroporto –, diretores e alunos do ensino fundamental e médio. O projeto foi elaborado pela equipe técnica da Semarh composta por Kamila Aderne, Laís Acioli, Magdaly Costa e Rennisy Cruz.
A comunidade, principalmente os alunos, receberam informações sobre os perigos do descarte inadequado dos resíduos sólidos principalmente por concentrar um grande número animais, a exemplo de urubus, que podem causar estragos em aeronaves.
Segundo a Infraero, em abril de 2016, um urubu entrou na turbina de um avião e voo acabou cancelado. A empresa ressalta que tem a obrigação monitorar até 20 km em volta do aeroporto em busca de constatações de riscos que podem afetar as aeronaves. Por meio desse monitoramento, a Infraero encontrou riscos de fauna devido à concentração de animais voadores em torno do lixo.
Para amplificar ainda mais o discurso teórico e prático da educação ambiental, as ações da Semarh se estenderam para o Aeroporto Zumbi dos Palmares, onde os alunos encenaram peças de cordel e repassaram orientações acerca da má gestão dos resíduos sólidos.
Neste período de trabalho, as escolas contempladas pela Semarh foram Dom Pedro I; Escola Antônio Lins de Souza; Escola Edmilson de Souza; e Escola João Ferreira.
O professor da Escola municipal Dom Pedro I, David Severo, conta que enxergou a proposta da Semarh e da Infraero em levar educação ambiental para alunos com outros olhos. "Eu abracei a causa de imediato e incentivei todos os alunos a participarem", conta.
Os alunos tiveram a oportunidade de conhecer a realidade de perto durante uma visita ao lixão de Rio Largo e constataram a presença de animais e pássaros que afetam diretamente as aeronaves. A partir dessa visita, os alunos perceberam a importância de ter uma educação ambiental para aprender a lidar corretamente com a separação dos resíduos, incentivando dentro de suas casas a gestão correta sem danificar o meio ambiente.
LONGO PRAZO
A gerente de Resíduos Sólidos da Semarh, Elaine Melo, explica que as ações de educação ambiental precisam ter continuidade e passar por uma série de etapas. Os resultados, segundo Elaine, acontecem em longo prazo.
"É comum o ser humano descartar o resíduo de forma incorreta pelo simples fato de não saber como fazer da forma adequada. Então, elaboramos todo um projeto voltado para os alunos para que eles cresçam com essa consciência e levem isso para dentro de casa. Os efeitos desses ensinamentos terão resultados no futuro", argumenta a gerente de Resíduos Sólidos.
O engenheiro da Infraero, Aloísio Filho, destaca que a formação de conceitos sobre a sustentabilidade gera novos ideais para a população, já que as crianças têm mais facilidade de compreender e repreender o que está sendo desenvolvido de maneira errada.
"A educação ambiental é fundamental para a formação do cidadão e é preciso começar pela essência das crianças que podem crescer vendo o mundo de uma forma diferente e aprendendo desde cedo os perigos de se descartar incorretamente o lixo. As crianças conseguem assimilar os ensinamentos de uma melhor maneira", explica o engenheiro.
O projeto de educação ambiental foi encerrado nas escolas de Rio Largo, no entanto, já existe o interesse de continuá-lo em Maceió. A proposta é reiniciar os debates em quatro escolas localizadas no bairro Benedito Bentes.